VII



SantaCap
Capital Mariana do Brasil




Elevada, em 1958, à categoria de Arquidiocese, só em 1964 recebeu o seu arcebispo na pessoa do cardeal Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, até então ocupante do sólio paulopolitano.Motta sempre se revelara interessado em promover Aparecida e, com a habilidade política peculiar ao seu temperamento, conseguiu da Santa Sé contemporarizasse a nomeação do seu titular, pois desejava ser ele o investido no múnus de arcebispo da "capital brasileira da fé".



Se envidara esforços para a sua instalação como Arquidiocese, parecer-lhe-ia justiça instalar-se ele próprio em seu trono arquiepiscopal, embora 6 anos devessem decorrer como sede vacante.Idealizara e empenhara-se em transformar Aparecida num dos centros católicos mais importantes do mundo. Seria nesse intento insuficiente a devoção popular à Senhora Aparecida. Aliás, aquela efervescência de fé incrementada pelo IV Congresso Eucarístico de São Paulo, celebrado em 1942, fora passageiro.



Como arcebispo de São Paulo, a cuja Arquidiocese pertencia a simples paróquia de Aparecida, Motta notara na segunda metade da década de 40 o decréscimo do número de peregrinos em proporção com o aumento populacional do País e com a imensa propaganda intensificada através da distribuição, sobretudo às paróquias, de imagens fac-símiles.Insuficiente a devoção popular como fundamento para concretizar o seu sonho de criar a SANTACAP, à imitação dos grandes e antigos centros idólatras do mundo, como Éfeso com a sua Senhora Diana, em cuja honra se construíra uma das sete maravilhas do orbe, o cardeal Vasconcelos Motta optou pela construção de um grande e soberbo templo. Uma basílica gigantesca e de ricas proporções arquitetônicas a se credenciar ao orgulho do catolicismo brasileiro.


– O maior templo religioso do mundo depois da basílica de São Pedro, em Roma !!! A basílica de São Pedro tem 200 metros de comprimento, incluindo-se o pórtico. A de Aparecida, 170.

E, depois dela, vem a de São Paulo, em Londres, com 158 metros. Esta é seguida do templo de Liverpool, também na Inglaterra, que mede 154 metros de comprimento. Seguem-se-lhe o Duomo, em Florença, da Itália, com 150; o de Colônia, na Alemanha, com 145; o da Imaculada, em Washington, EEUU, com 137; o Duomo, em Milão, com 135; o templo de Notre Dame, Chartres, na França, com 133; o de Sevilha, na Espanha, com 129; o de São João de Latrão, em Roma, com 124; o de São Paulo, no Brasil, com 100; o de S.Patrick, em Nova Iorque, EUA, com 99; o de Santa Maria Maior, em Roma, com 98; o de Bauprais, no Canadá, com 80 metros. A nova basílica de Aparecida, quando inteiramente concluída terá 170 metros de comprimento por 150 metros de largura, cobrindo um espaço de 25.500 metros quadrados.



Por sonhar alto, o arcebispo aparecidólatra inclui no plano completo da obra outros departamentos inclusive o prédio para a emissora radiofônica e de televisão. Em conseqüência salta à vista a impossibilidade de se construir no cume do antigo Morro dos Coqueiros, onde se encontra a atual basílica, apodada da velha. Recorde-se o fato de haver sido esta erigida no alto daquele morro em atenção às exigências da própria Senhora Aparecida, inconformada de ficar embaixo e, por isso, "fugia" da capelinha, indo postar-se lá em cima. As suas repetidas "fugas" revelaram (?) aos devotos a sua vontade de lhe ser dedicada uma capela no cocuruto do outeiro, inaugurada, aliás, em 1745, sob o hissopo do vigário José Alves Vilela, ao tempo, pároco em Guaratinguetá. Esta pequena capela, quando, em fins do século passado, se incrementara a devoção aparecídica, se tornara exígua, foi pelo bispo de São Paulo, Dom Lino Deodato de Carvalho, substituída por um templo maior, ainda, no cume do antigo Morro dos Coqueiros.



Afigurava-se impossível desagradar a "santa" e contrariar-lhe a mariana vontade de ser instalada lá em cima da colina, cujos coqueiros cederam lugar ao casario que se comprime em suas rampas .

– Constrói-se o templo noutro lugar... E se depois a imagem aparecida não quiser ficar nela?, decerto refletia o bispo, que, aos 8 de dezembro de 1888, benzeu a então nova basílica, hoje reputada velha, por ser anacrônica, obsoleta e superada.



Ao cardeal Motta, embora se confesse devoto aparecidiano, falecem aqueles escrúpulos. – Como se conseguir tamanha construção lá em cima do Morro dos Coqueiros? Se são necessários 400 mil metros quadrados de área, como derrubar todas as casas empoleiradas colina acima? Seria acabar com a cidade... A crer-se nos informes clericais, a imagem "milagrosa" saiu do lugar, por ela própria escolhido apenas duas únicas e rápidas vezes: quando de sua coroação no Rio de Janeiro, em maio de 1931, e, em 14 de julho de 1945, quando, em São Paulo esteve numa manifestação político-católica. – Tirar-se a imagem de lá de sua querida basílica é arriscar-se ao desagrado da Senhora.



Era isso que se proclamava anos passados. Se o arcebispo aparecidopolitano e empreendedor da nova basílica acreditasse no "milagre" de haver ela própria escolhido o lugar do seu trono no topo da colina, esta construção seria lá em cima mesmo. Como incorreria em desobediência à Senhora? Jamais! Nem que fosse para gastar todos os milhões de cruzeiros depositados pelos fiéis devotos nos cofres aos seus pés instalados, com o fim de cobrir as desapropriações da cidade inteira. Mas a AURI SACRA FAMES – a sagrada fome do ouro – fala muito mais alto do que todos os escrúpulos... E, como resultado, a edificação da nova e descomunal basílica em outro local, iniciada em 1952, já se encontra em fase final.



O mais interessante, porém, é que a Senhora mudou de opinião. Assanhou-lhe a vaidade a grandeza do seu novo templo. Para ele transportada, decidiu submeter-se à vontade cardinalícia e se acomodou em seu novo altar erigido num elevado octogonal, a 1,5m de altura com 9 degraus e 10 metros de diâmetro. Ela gosta mais do bem-bom das novíssimas instalações...Hoje, para evitar qualquer comentário da oposição ou o raciocínio de algum devoto mais inteligente, os padres deixaram de mencionar em seus relatos aparecídicos a antiga "vontade" da Senhora fujona.



Nos planos clericais a nova basílica, pelas suas proporções arquitetônicas e pela sua suntuosidade, deve se constituir no grande motivo de atração de romeiros a elevar Aparecida à categoria de principal centro de peregrinação do mundo, dignificando este País, o mais católico de todos. Em estilo romântico-moderno, cobre uma área construída de 25.500 metros quadrados, tendo à sua frente a Praça das Comemorações de 69 mil metros quadrados com a capacidade de 300 mil pessoas. No interior do templo se estendem três naves de 22 x 40 metros cada, além das naves deambulatórias ou de circulação de 7 metros de largura cada uma num desenvolvimento de 340 metros. As capelas sacramentais, onde se administram os chamados sacramentos do batismo, da confissão, da confirmação, da eucaristia e do matrimônio, são de 22 x 38 metros cada. A torre imponente, levantada na superfície de 20 x 20 metros, atinge a 100 metros de altura, abrangendo 16 andares, com 336 janelas de vidro com caixilhos e venezianas de alumínio e consumiu um milhão e meio de tijolos. Dois elevadores com capacidade para 60 pessoas transportam os visitantes. Erguida fora do templo, a ele se liga por uma galeria de 36 metros de comprimento, 8 de largura e 11 de altura. Como seria impossível deixar de ser, no interior da torre os padres instalaram um bar-restaurante e lojas.Construída a basílica em forma de cruz grega, a sua cúpula, como uma meia esfera, erguida bem no centro de toda construção, com o diâmetro interno de 34 metros e a altura de 60, cobre 2.327 metros quadrados e é revestida de alumínio anodizado a lhe fornecer uma cor dourada. Esta cúpula sustenta, num pequeno mirante, uma cruz grega de 3 metros de altura, sob cujo centro geométrico se eleva sobre 9 degraus, o altar-mor da basílica, de 10 metros de diâmetro, a ostentar, em nicho de ouro, a imagem da Senhora Aparecida, a Padroeira do Brasil, recoberta de jóias e pedrarias preciosas, onde imensa população padece fome e sofre a carência dos recursos básicos para uma vida digna.Ao redor deste soberbo altar-mor, em torno da plataforma, se enumeram 12 pequenos altares a permitir a celebração simultânea de 13 missas, o supremo culto idólatra do catolicismo, em homenagem à aparecidolatria.



Por considerarem antiquado o método, os padres redentoristas responsáveis pela administração da basílica e pela promoção do aparecidismo, hoje em dia, deixaram de utilizar tanto as chamadas "santas missões" inculcadas pelo seu fundador, Afonso de Liguori, nos estatutos da ordem. Prevalecem-se de meios mecânicos de divulgação, como o jornal e o rádio. A Rádio Aparecida, pela sua potencialidade, se emparelha com a grandeza material da nova basílica e se capacita a atender os planos de incrementar sempre mais a aparecidolatria.Reservaram-se 12 mil metros quadrados dentro da área dos 400 mil para se erguer um prédio dividido em 3 pavimentos. O térreo se reserva para um auditório com a capacidade de alojar 1.500 pessoas, que terão o seu cinema. No 1º pavimento ficam os escritórios, uma capela e o salão nobre destinado às reuniões do Clube dos Sócios com cerca de 400 mil arrolados. O 2º andar se destina à instalação de todo o equipamento da Rádio Aparecida, que deverá ser a mais potente emissora da América Latina, e da futura TV, com 6 estúdios: um de gravação de radioteatro, 3 de locução, um de gravação de peças orquestrais e outro de gravação de discos e fitas – e a técnica central de comando dos estúdios, além da discoteca, do departamento técnico e do almoxarifado.É a técnica da comunicação superlativamente refinada a serviço da massificação do aparecidismo, porque, dentro dos prognósticos clericais o brasileiro deve continuar agrilhoado aos seus embustes.



A SANTACAP, com a sua descomunal basílica, pretende reviver a idade áurea da Senhora Diana, cujo templo se contava entre as sete maravilhas do mundo.Aliás, em Éfeso, aos 11 de outubro de 431, se deu o início oficial da mariolatria com a proclamação do dogma de Maria Mãe de Deus.Nesta era intitulada de pós-conciliar, quando muitos ainda supõem haver o catolicismo romano se transformado e aberto mão de certas doutrinas contrárias à Bíblia, inclusive as relativas a Maria, a religião do papa recrudesce e reaviva o culto mariolátrico acrescentando-lhe novos dogmas, como o de Maria Mãe da Igreja, que inclui os da Maria Co-redentora, Advogada, Medianeira e Adjutrix, proclamado aos 21 de novembro de 1964.Recrudesce e reaviva o culto mariolátrico entre o pobre povo subjugado às suas feitiçarias, prestigiando os santuários marianos, centros de romarias e peregrinações. O próprio papa Paulo VI, em 13 de maio de 1967, viajou até Fátima, em Portugal com o propósito de oficializar as comemorações cinqüentenárias daquela Senhora. À Aparecida ofertou o romano pontífice uma Rosa de Ouro, trazida por um cardeal a latere, a assinalar a passagem dos seus 250 anos.Dom Humberto Mozzoni, o núncio papal no Brasil, no dia 5 de julho de 1969, ano de sua chegada, viajou à SANTACAP no intento de prestar o seu culto pessoal à Senhora Aparecida. "Vim à cidade de Aparecida, disse ele, para, como todo o povo brasileiro, venerar Nossa Senhora Aparecida. E colocar sob sua proteção a minha missão no Brasil"( O Estado de São Paulo, 6 de julho de 1969).



O Concílio Ecumênico Vaticano II deixou intactas as estruturas romanistas sobre as quais simplesmente passou uma caiação a fim de lhe dar novos ares. E só!

Deixou outrossim intocáveis os cediços métodos de envolvimento político tão do gosto multissecular do clero. Quando, em 1972, o Brasil celebrou o sesquicentenário de sua Independência, quis ele vincular-se oficialmente à sua programação. E, para se promover, nada melhor do que promover a aparecidolatria. Alegou, então, contra todas as evidências, haver Pedro I estado em Aparecida com o fim de rezar diante da imagem, na oportunidade em que pernoitou em Guaratinguetá, quando de sua viagem do Rio de Janeiro a São Paulo, onde proclamara dias seguintes a Independência de nossa Pátria. Desprovido de qualquer pejo, reivindicou o clero a passagem por Aparecida do coração de Dom Pedro I, quando, em 1972, foi de Portugal trazido em definitivo para o Brasil. Desprovido de qualquer pejo e sem o receio de ser desmascarado porque o povo evita o trabalho de raciocinar, pois em 1822 nada existia em Aparecida, além da pequenina e tosca capela no alto do Morro dos Coqueiros, construída pelo ganancioso padre Vilela. Aparecida continuava ainda incógnita do beatério. Aparecida era ainda o Morro dos Coqueiros. E só Morro dos Coqueiros.



As estatísticas dos últimos anos demonstram intensificar-se entre o nosso povo o culto aparecidolátrico. Os números abaixo comprovam nossa assertiva :


ANO -------------------------


BATIZADOS ---------------


COMUNHÕES -------------


1971


18.892


16.303


1972


1.383.053


1.628.140



A SANTACAP, de cuja promoção em larguíssima escala se incumbe a Rádio Aparecida, a SANTACAP, centralizada agora na soberba basílica, com o aumento crescente dos romeiros em cada ano, demonstrado no pequeno quadro estatístico acima, é o atestado gritante de encontrar o catolicismo romano em pólo diametralmente oposto ao Evangelho, o que o torna absolutamente refratário à Bíblia, a Palavra de Deus.

Catolicismo é idolatria em todas as suas formas ignóbeis e alienantes de Deus.
O Ecumenismo, pois, é ridícula fanfarronada. Ridícula fanfarronada com a vil missão de assinalar os apóstatas misturados entre o povo de Deus.